Memória a repressão e violência do dia 29/09/11 na ALCE

Não podemos esquecer o dia 29 de setembro de 2011, data em que os professores da Rede Estadual de Ensino do Ceará, que estavam em greve, foram fortemente reprimidos. Suor, sangue e lágrimas marcaram aquela quinta-feira!

Muitos professores e eu dormimos na Assembleia Legislativa na noite do dia 28 para o dia 29 de setembro de 2011, protestávamos contra uma mensagem que, se fosse aprovada, dividiria a carreira dos professores do Estado do Ceará em duas, dificultando, dessa forma, a luta pelo Piso com repercussão em toda a carreira docente.

Na manhã do dia 29, percebemos que a entrada do plenário estava interditada, o comando de greve não foi atendido pelos parlamentares, por isso alguns professores, por conta própria, forçaram a entrada no plenário, sendo frustrada essa ação. Após isso, a força policial quis retirar dali os três grevistas de fome, Laura, Clézio e Claudinho, tentamos impedir que isso acontecesse, mas fomos fortemente reprimidos, e a mensagem foi aprovada.

Após ser agredido com um cassetete na cabeça, desci, pensei que fosse morrer a chutes no chão da Assembleia, foi quando percebi que havia sangue no meu corpo; então, senti certo alívio, pois sabia que seria socorrido e não mais agredido. No entanto, pude ouvir a voz de uma pessoa que disse “prende ele”. Daí, novamente, veio o desespero, colocaram as minhas mãos para trás, fui jogado contra a parede, então comecei a dizer “eu tô morrendo… eu vou desmaiar… eu tô na greve de fome…”, em seguida, fui socorrido pelo Ronaldo, militante do Crítica Radical.

Lá no IJF, vomitei tudo o que tinha no estômago, fiz tomografia, tomei soro e pontearam a minha cabeça. Estiveram comigo no hospital minha mãe, minha irmã, França, e meus colegas de trabalho Amaury, Paulo César e Gardênia. Tive alta às 17h daquele mesmo dia. Logo em seguida,  fui à delegacia, acompanhado da minha mãe e do Sergio Bezerra, integrante do sindicato Apeoc, para fazer boletim de ocorrência. Voltei ao local da agressão com a Patrícia, militante do Psol, para rever os companheiros que continuaram acampados e os três grevistas de fome; tive uma recepção calorosa por parte dos colegas, fiquei ali cinco minutos. Reinalde, professor sem corrente política, comprou os meus remédios e levou-me a minha casa.

Tentaram, através das agressões, dizer que não vale a pena lutar, mas essa mensagem é falsa, pois deixou ainda mais fortes as convicções dos que se dedicaram profundamente na maior greve de todos os tempos da história do Ceará, e despertou a consciência dos professores menos envolvidos e de boa parte da população. Também essa luta mostrou a verdadeira face de muitas pessoas. A Educação terá o seu verdadeiro valor reconhecido. Portanto, é imprescindível que façamos a nossa parte: exercendo nosso ofício da melhor maneira possível, participando dos eventos relacionados à educação, sempre que possível, e sabendo aproveitar cada oportunidade que nos for dada.

Relato do professor Arivalto Freitas

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